quinta-feira, 12 de junho de 2008

Índices descritivos

Índices descritivos é um conceito de Daniel Lopez que busca ampliar o universo de ítens compreendidos pelas chamadas "descrições definidas", que comporiam os nomes próprios. John Searle defende uma posição acerca da natureza dos nomes próprios condizente com as idéias da Teoria Descritivista de Gottlob Frege, em On sense and nominatum, e Bertrand Russel em On denoting, e que consiste na tese segundo a qual todo nome próprio é associado a um determinado conjunto de descrições. Em outras palavras, para Searle, um nome é um designador indireto. Um nome próprio tem sentido não porque descreva características de um objeto, mas porque está logicamente conectado com o conjunto das descrições definidas necessárias e suficientes para a descrição de um objeto particular.

Não aplicamos, aqui, a teoria de Searle em sua forma original, já que aceitamos parte da crítica oferecida pela Teoria Causal de Saul Kripke (Namming and Ncessity). Substituímos o termo de Searle “descrições definidas” por “índices descritivos”, mais abrangente e mais pertinentes à nossa análise discursiva. Todavia, entendemos que a filosofia analítica é de grande utilidade para se expandir o conceito de etos pré-discursivo, ainda pouco explorado, inclusive na obra de Maingueneau.

Em Análise de textos de comunicação (p. 182 a 186) Maingueneau adota claramente a posição de Searle (e da tradição descritivista fregeana) do nome próprio como fruto da união de um conjunto indeterminado descrições definidas. Ele afirma que

Quando utilizamos um nome próprio para designar um referente, podemos também utilizar um grupo nominal com artigo definido para designar o mesmo referente... O grupo nominal com artigo definido, que pode designar tanto um indivíduo (“o carro azul”) como uma pluralidade de indivíduos (“os filhos de Jules”), denomina-se descrição definida. (MAINGUENEAU, 2001, p. 182)

Todavia, como Maingueneau bem lembra no decorrer desse texto, utilizar uma descrição definida significa obrigar o co-enunciador a escolher um indivíduo singular, caracterizando-o por intermédio de uma ou várias propriedades. As descrições definidas, portanto, enquanto peças constituintes de um nome próprio, são utilizadas para isolar um indivíduo, ou seja, isolar um único referente, estabelecendo características (através deste grupo nominal com artigo definido) que sejam pertinentes àquele único referente a que nos dirigimos.

Todavia, para além das definições (MAINGUENEAU, 2001, p. 183) de “descrições autônomas” (que remetem a um único referente) e “descrições dependentes do contexto” (quando o co-enunciador deve colocar o grupo nominal em relação com o contexto para identificar de que referente se trata), alteramos o termo “descrições definidas” (que são compostas pela forma ARTIGO DEFINIDO + NOME, em que o artigo definido individualiza o referente), pela expressão “índices descritivos”, já que o modelo que aqui propomos aceita não só características que pertencem unicamente ao indivíduo designado pelo nome próprio, mas adjetivos gerais como “mulher”, “atriz”, “bonita”, etc.

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