quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ciber-etos

Ciber-etos, o etos cibernético, busca dar conta do etos produzido em uma interação mediada por computador. Está diretamente relacionado com os conceitos de Locutor ל (o enunciador de uma interação mediada por computador) e Fiador φ (o fiador de um hipertexto). O ciber-etos opera no Bios Midiático (conceito de Muniz Sodré). O bios midiático é uma extrapolação dos 3 bios explorados por Aristóteles em seu livro "Ética a Nicômaco".

Os 3 BIOS de Aristóteles na “Ética (ethos) a Nicômaco”, cada um com um etos, são:

a) bios theoretikos – vida contemplativa;

b) bios politikos; – vida política;

c) bios apolaustikos – vida prazerosa, do corpo +bios midiático – sociabilidade virtual, mediada por computador.

Aqui, entra o Quarto Bios, o bios midiático, que produz um ciber-etos, que é operado por um Locutor ל e produz um Fiador φ.

d) bios midiático – sociabilidade virtual, mediada por computador.

Fiador φ

Conceito criado por Daniel Lopez, Fiador φ busca dar conta do fiador de um texto cibernético. Este conceito está diretamente relacionado com o Locutor ל .

Locutor ל (Lâmede, letra do idioma hebraico que significa "laço") é um conceito criado por Daniel Lopez que busca dar conta do estatuto locutor (enunciador) em uma interação mediada por computador. Este conceito surge como fruto da necessidade de dar conta das especificidades de um locutor que enuncia a partir de um universo cibernético. Assim como Ducrot teve que extrapolar o conceito aristotélico de locutor para o universo da enunciação, e Maingueneau o teve que deslocar para o texto escrito, Daniel Lopez, interessado em analisar a produção do etos em um a interação mediada por computador, teve de pensar não somente sobre o Locutor ל , mas também sobre o fiador φ, que é o fiador que dá corpo não a um texto escrito comum, mas a um hipertexto.

Locutor ל (Lâmed)

Locutor ל (Lâmede, letra do idioma hebraico que significa "laço") é um conceito criado por Daniel Lopez que busca dar conta do estatuto do locutor (enunciador) em uma interação mediada por computador. Este conceito surge como fruto da necessidade de dar conta das especificidades de um locutor que enuncia a partir de um universo cibernético. Assim como Ducrot teve que extrapolar o conceito aristotélico de locutor para o universo da enunciação, e Maingueneau o teve que deslocar para o texto escrito, Daniel Lopez, interessado em analisar a produção do etos em uma interação mediada por computador, teve de pensar não somente sobre o Locutor ל , mas também sobre o fiador φ, que é o fiador que dá corpo, não a um texto escrito comum, mas a um hipertexto.

Segue abaixo um resumo do processo que levou à proposição do conceito de Locutor ל .

O deslocamento do Etos:

a) Aristóteles: Locutor L.

b) Ducrot: Locutor λ (enunciador).

c) Maingueneau: Locutor F (fiador). O etos passou do locutor para o universo do discurso: produção de sentido e adesão do sujeito ao discurso (“incorporação”).

d) Lopez-Lago: Locutor ל (Lâmed) – Etos no fiador φ (fiador de um hipertexto). O Etos cibernético: o ciber-etos.

Enunciação etos-fagocitante

Magnificação trófica, conceito de Daniel Lopez, funciona para dar conta do movimento pelo qual o etos produzido por um locutor permanece através do tempo, e o processo pelo qual este etos produzido anteriormente pode ser retomado (enunciação etos-corroborante), atualizado (enunciação etos-atualizadora, através da qual a magnificação opera) ou mesmo apagado (enunciação etos-fagocitante) através de futuras enunciações.

Enunciação etos-atualizadora

Magnificação trófica, conceito de Daniel Lopez, funciona para dar conta do movimento pelo qual o etos produzido por um locutor permanece através do tempo, e o processo pelo qual este etos produzido anteriormente pode ser retomado (enunciação etos-corroborante), atualizado (enunciação etos-atualizadora, através da qual a magnificação opera) ou mesmo apagado (enunciação etos-fagocitante) através de futuras enunciações.

Enunciação etos-corroborante

Magnificação trófica, conceito de Daniel Lopez, funciona para dar conta do movimento pelo qual o etos produzido por um locutor permanece através do tempo, e o processo pelo qual este etos produzido anteriormente pode ser retomado (enunciação etos-corroborante), atualizado (enunciação etos-atualizadora, através da qual a magnificação opera) ou mesmo apagado (enunciação etos-fagocitante) através de futuras enunciações.

Índices descritivos

Índices descritivos é um conceito de Daniel Lopez que busca ampliar o universo de ítens compreendidos pelas chamadas "descrições definidas", que comporiam os nomes próprios. John Searle defende uma posição acerca da natureza dos nomes próprios condizente com as idéias da Teoria Descritivista de Gottlob Frege, em On sense and nominatum, e Bertrand Russel em On denoting, e que consiste na tese segundo a qual todo nome próprio é associado a um determinado conjunto de descrições. Em outras palavras, para Searle, um nome é um designador indireto. Um nome próprio tem sentido não porque descreva características de um objeto, mas porque está logicamente conectado com o conjunto das descrições definidas necessárias e suficientes para a descrição de um objeto particular.

Não aplicamos, aqui, a teoria de Searle em sua forma original, já que aceitamos parte da crítica oferecida pela Teoria Causal de Saul Kripke (Namming and Ncessity). Substituímos o termo de Searle “descrições definidas” por “índices descritivos”, mais abrangente e mais pertinentes à nossa análise discursiva. Todavia, entendemos que a filosofia analítica é de grande utilidade para se expandir o conceito de etos pré-discursivo, ainda pouco explorado, inclusive na obra de Maingueneau.

Em Análise de textos de comunicação (p. 182 a 186) Maingueneau adota claramente a posição de Searle (e da tradição descritivista fregeana) do nome próprio como fruto da união de um conjunto indeterminado descrições definidas. Ele afirma que

Quando utilizamos um nome próprio para designar um referente, podemos também utilizar um grupo nominal com artigo definido para designar o mesmo referente... O grupo nominal com artigo definido, que pode designar tanto um indivíduo (“o carro azul”) como uma pluralidade de indivíduos (“os filhos de Jules”), denomina-se descrição definida. (MAINGUENEAU, 2001, p. 182)

Todavia, como Maingueneau bem lembra no decorrer desse texto, utilizar uma descrição definida significa obrigar o co-enunciador a escolher um indivíduo singular, caracterizando-o por intermédio de uma ou várias propriedades. As descrições definidas, portanto, enquanto peças constituintes de um nome próprio, são utilizadas para isolar um indivíduo, ou seja, isolar um único referente, estabelecendo características (através deste grupo nominal com artigo definido) que sejam pertinentes àquele único referente a que nos dirigimos.

Todavia, para além das definições (MAINGUENEAU, 2001, p. 183) de “descrições autônomas” (que remetem a um único referente) e “descrições dependentes do contexto” (quando o co-enunciador deve colocar o grupo nominal em relação com o contexto para identificar de que referente se trata), alteramos o termo “descrições definidas” (que são compostas pela forma ARTIGO DEFINIDO + NOME, em que o artigo definido individualiza o referente), pela expressão “índices descritivos”, já que o modelo que aqui propomos aceita não só características que pertencem unicamente ao indivíduo designado pelo nome próprio, mas adjetivos gerais como “mulher”, “atriz”, “bonita”, etc.